Entendendo Melhor as Contrações- Texto da
Uma das dúvidas mais comuns das gestantes é a respeito das contrações do trabalho de parto. Como reconhecê-las? Como saber quando o trabalho de parto começou? E como saber a hora de ir para a maternidade? Neste post, tentarei explicar um pouco melhor como se originam as contrações, sua evolução durante o trabalho de parto e como contá-las.
Espero que gostem!
O miométrio é uma musculatura toda misturada, com células musculares lisas que tem uma característica especial. Além de se multiplicarem, essas células alongadas e fusiformes crescem em até 20 vezes (em caso de gravidez). Outra característica importante é que essa musculatura não recebe uma ordem de contração de fora. Algumas células musculares do útero, perto das trompas, adquirem capacidade de produzirem estímulo nervoso, são marcapassos.
O músculo uterino tem dois marcapassos, cada um perto de uma das trompas. Então a contração do útero nasce na trompa. A contração do útero é formada no próprio útero, não dependendo de estímulo nervoso." Fonte
"Fatores hormonais que aumentam a contratilidade uterina
a)
Maior proporção de estrógeno em relação à progesterona: de acordo com a
literatura o estrógeno aumenta a contratilidade uterina, pois aumenta o
número de junções comunicantes na musculatura deste órgão. A
progesterona, por sua vez, reduz esta contratilidade, pois seqüestra
Ca2+. A partir do sétimo mês ocorre um aumento na produção estrogênica e
uma ligeira diminuição na concentração de progesterona.
b) Ocitocina como forte estimulador da contração uterina: existem quatro razões para acreditar-se que a ocitocina seria importante para aumentar a contratilidade do útero próximo ao termo, sendo elas:
· Durante os últimos meses de gravidez a musculatura uterina aumenta seus receptores para ocitocina aumentando consequentemente sua sensibilidade a determinada dose de ocitocina.· A secreção de ocitocina pela neurohipófise é maior durante parto. Isso se deve principalmente a reflexos neurogênicos gerados a partir da dilatação ou irritação do colo uterino.
c) Efeitos de hormônios fetais sobre o útero:· A hipófise do feto secreta grande quantidade de ocitocina;· Glândulas adrenais do feto secretam grande quantidade de cortisol;· As membranas fetais liberam concentrações elevadas de protaglandinas.
Fatores mecânicos que aumentam a contratilidade uterina
a)
Distensão da musculatura uterina: a simples distensão de órgãos da
musculatura lisa geralmente aumenta sua contratilidade. Ademais, a
distensão intermitente como ocorre repetidamente no útero por conta dos
movimentos fetais, pode causar a contração dos músculos lisos uterinos.
Inferência clínica: os gêmeos nascem em torno de 19 dias antes do que
um só bebê o que corrobora a importância da distensão mecânica para
provocar as contrações uterinas.
b) Distensão ou irritação do colo uterino: apesar de não se saber o mecanismo exato pelo qual tal irritação e distensão influenciam no aumento das contrações uterinas duas possibilidades são propostas: 1) a distensão e/ou irritação causa reflexos neurogênicos que poderiam aumentar a secreção de ocitocina pela neurohipófise e 2) transmissão miogênica de sinais do colo ao corpo uterino." Fonte
As contrações de treinamento
"Ate
30 semanas de gestação, a atividade uterina é muito pequena, inferior a
20 UM. Existem contrações reduzidas, freqüentes, cerca de uma por
minuto. Os registos de pressão amniótica evidenciam que permanecem
restritas a diminutas áreas do útero. De quando em quando surgem contrações de Braxton-Hicks:
em torno de 28-32 semanas, até 2 contrações/hora. O tono uterino
permanece entre 3-8 mmHg. As contrações de Braxton-Hicks resultam mais
da soma de metrossístoles assincrônicas, parcialmente propagadas, do que
de atividade bem coordenada. Após 30 semanas a atividade uterina
aumenta vagarosa e progressivamente pré-parto (as últimas 4 semanas)
observando-se, pelo geral, contrações de Braxton-Hicks mais intensas e
freqüentes, melhorando a sua coordenação e difundidas em áreas cada vez
maiores da matriz (até 3 contrações/hora). Embora diminuídas em número,
permanecem nos traçados obtidos nessa época. O tono se aproxima de 8 mm
Hg.
A transformação da atividade uterina no pré-parto se faz pelo:
- aumento progressivo da intensidade das pequenas contrações
- se tornam mais expansivas
- a freqüência diminui gradativamente." Fonte
Alarmes-falsos
Como
foi citado acima, as contrações de treinamento vão progressivamente se
modificando, tornando-se mais fortes e mais espaçadas o que, nas últimas
semanas da gestação gera os conhecidos "alarmes falsos". Os alarmes
falsos são contrações doloridas, mas que não "engatam" em um trabalho de
parto ativo. Em muitos casos, as mulheres têm contrações fortes,
doloridas, e ritmadas (de 10 em 10 min, 5 em 5 min, etc), mas isso não
dura muito tempo, apenas alguns minutos ou algumas poucas horas. Os
alarmes falsos são um pouco diferentes dos pródromos,
aquelas cólicas chatas e desconfortos no quadril que anunciam que o
trabalho de parto está se preparando para começar. Durante o alarme
falso, a impressão é de que o trabalho de parto começou mesmo! Só que,
depois de algum tempo, as contrações param. Muitas vezes as mulheres são
orientadas a fazerem um teste: tomarem um longo banho bem quente ou um
buscopan (ou os dois). A maioria dos alarmes falsos cessa com essas
medidas, já o trabalho de parto de verdade, não.
O início do trabalho de parto
O que marca o início do trabalho de parto
é a presença de contrações uterinas regulares, que não cessam e vão se
tornando progressivamente mais intensas. Na maioria dos casos, as
mulheres comparam as sensações do início do trabalho de parto com
cólicas menstruais fortes, e observam um endurecimento da barriga, que
dura de 30 a 45 segundos de cada vez. Os intervalos das contrações no
início do trabalho de parto podem ser grandes, e geralmente as mulheres
começam a desconfiar que estão realmente em trabalho de parto quando as
contrações começam a vir de 10 em 10 minutos, mais ou menos. A cada
contração, o bebê é completamente empurrado para baixo
pela força do útero, e o colo do útero cede lentamente às pressões
repetidas exercidas pela sua cabeça, o que causa a dilatação e
consequentemente a dor. A dor da dilatação do colo uterino é geralmente
sentida no pé da barriga, apenas durante a contração.
As fases do trabalho de parto
Durante a evolução do trabalho de parto, as contrações vão mudando. A primeira fase do TP, ou fase latente, é a que tem maior duração, podendo durar horas ou dias. Nessa fase, as contrações são curtas (duram em média 30 a 45 segundos cada) e bem afastadas umas das outras (20 min até 5 min de intervalo). Nessa fase, geralmente, a dor é facilmente suportável e o casal fica em casa, descansando, se alimentando, namorando...
Quando as contrações começam a ficar mais intensas e longas (chegando a 1 minuto de duração, em média), e mais próximas umas das outras, começa a chamada fase ativa. Nessa etapa do parto, a mulher muitas vezes tem a sensação que as contrações de repente passam a vir uma atrás da outra, e é muito frequente ela começar a sentir dores no quadril e no cóccix (é a cabeça do bebê descendo dentro do osso pélvico). É comum bater um medo nessa hora, uma dúvida se realmente ela vai dar conta de ir até o final. As contrações em si ainda são suportáveis, apesar de serem bastante doloridas e durarem mais, o problema é que, com intervalos menores, o cansaço aumenta, e aí vem a dúvida: "quanto tempo mais será que eu vou aguentar desse jeito?" (é nessa fase que se recomenda ligar para a parteira ou ir para a maternidade, dependendo do plano do casal.)
Nessa hora, geralmente, entram as Doulas com suas técnicas não farmacológicas de alívio da dor, e assim, de contração em contração, com a ajuda de massagens, palavras de conforto, e banhos quentes a fase ativa vai progredindo. Sua duração média é de 3 a 5 horas e ela engata na fase seguinte, a fase da transição, quase de maneira imperceptível. As contrações, que duravam 1 minuto, passam a durar mais do que isso, podendo chegar a 1 min e meio de duração (1 min e meio sentindo dor não é brincadeira!) seguidas de mais ou menos o mesmo tempo de intervalo. Nessa fase, vem a hora da covardia, em que muitas mulheres pensam que não vão dar conta, e pedem analgesia, pedem cesariana. Essa fase, para muitas mulheres, é a mais difícil do parto, porque a dor é muito intensa e elas não sabem quanto tempo mais aquilo vai durar. A boa notícia é que não dura muito tempo. Para algumas mulheres, são alguns minutos apenas, para outras pode chegar até 2 horas ou mais. Quanto maior for a entrega da mulher à Partolândia nesse momento, mais tranquila e rápida tende a ser a fase de transição.
A fase de transição termina quando, no meio da contração, a mulher começa a fazer força. Isso significa que o colo uterino dilatou completamente, e o bebê agora conseguiu inserir a cabecinha no canal vaginal (período expulsivo). Como o colo do útero aponta para trás, o bebê sai em direção ao intestino da mãe, e ao descer pelo canal, empurrado por cada contração, ele estimula os mesmos receptores que indicam para o cérebro quando o intestino está cheio e precisa ser esvaziado. Algumas mulheres relatam que sentem uma enorme pressão interna, outras dizem que sentem arder a vagina e outras ainda dizem que sentem como se tivessem um cocozão entalado. A força que a mulher faz nessa hora é involuntária, e não é ela que faz o bebê sair. É o útero, em toda a sua incontrolável força, que expulsa o bebê.
O final do trabalho de parto
Assim que o bebê nasce, o útero, que durante todo o trabalho de parto já vinha diminuindo progressivamente de tamanho, dá uma diminuída radical,
sob efeito das altas doses de ocitocina naturalmente liberadas no
expulsivo. O fundo do útero chega mais ou menos na altura do umbigo, e,
lá dentro, a placenta permanece firmemente enraizada enquanto o bebê
recebe sua dose extra de sangue e oxigênio, até ser capaz de respirar
por si mesmo. Uma vez terminada sua função, a placenta se desprega da parede uterina,
ainda sob efeito dos hormônios do parto. A mulher sente algumas
contrações, mas que lembram mais o comecinho do TP, quando era tudo
muito tranquilo ainda. A placenta é quente e mole, e geralmente sai acompanhada de uma certa quantidade de sangue,
o que dá uma sensação de calor molhado nesse momento. Enquanto expulsa a
placenta, o útero diminui mais uma vez de tamanho, ficando
aproximadamente o dobro do seu tamanho habitual.
Vou sentir contrações depois que o trabalho de parto terminar?
É absolutamente normal sentir cólicas durante o pós-parto. Na maioria dos casos, as mulheres não se sentem muito incomodadas com isso, pois são geralmente cólicas fraquinhas, mas para algumas mulheres, as cólicas pós-parto chegam a ser bastante incômodas. Elas tendem a ser mais frequentes e fortes durante a amamentação, pois a sucção do bebê estimula a produção de ocitocina, o mesmo hormônio que produz as contrações uterinas. As cólicas do pós-parto se devem ao retorno do útero ao seu tamanho normal após o parto, e são acompanhadas de um sangramento que é bastante abundante no início (bem mais do que uma menstruação) e vai diminuindo progressivamente. Na maioria dos casos, o sangramento cessa até 40 dias após o parto (se não cessar, é bom ir ao médico avaliar).
Contando as contrações
Existem diversos sites na internet e aplicativos para dowload que permitem contar contrações, como o Contraction Timer, o Contraction Counter, ou o Contraction Master. Todos eles funcionam mais ou menos do mesmo jeito: tem um botão, na hora em que a contração começa vc aperta o botão e na hora em que termina aperta de novo. Depois de algumas contrações, os programas geralmente indicam o tempo médio e a duração média das contrações. O problema é: quando as contrações estão mais doloridas, a mulher não se lembra de apertar o botão e nem de avisar quando a contração está começando nem acabando, rsrs! Mas normalmente, dá para se guiar apenas olhando para sua fisionomia: quando a contração começa, a maioria das mulheres franze a testa ou faz uma expressão mais tensa. Quando a contração termina, é comum a mulher relaxar os músculos e respirar aliviada.
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