domingo, 20 de fevereiro de 2011

Por que não fazer exame de toque

por Kalu

Um dos procedimentos de rotina dos pré-natais é o exame de toque, independentemente da idade gestacional. Mas este procedimento, como a maioria dos exames e intervenções, só pode trazer benefícios quando não é banalizado.

O exame de toque serve basicamente para avaliar a evolução da dilatação no rabalho de Parto, apresentação do utero e posicionamento do bebê.  O esperar de uma mulher com 24 semanas? Que o colo esteja grosso e fechado, o bebê na posição que desejar (não estará encaixado) e alto. E se a mulher não apresenta qualquer queixa, para que realizá-lo?

Se uma mulher apresentar contrações prematuras, vale avaliar se as mesmas indicam um trabalho de parto precoce. Aí sim, depois de investigar se não se trata de braxton, infecção urinária, pode-se fazer um exame de toque. Mas ele é mera especulação.

Acompanhei uma gestante que com 32 semanas fez o exame de toque e o médico verificou que ela tinha 2cm de dilatação e colo afinado. Ela tomou corticóide para amadurecer o pulmão do bebê no risco de parto prematuro. Com 35 semanas, se não me falha a memória, tinha 3 ou 4 cm. Mas sem contrações ou seja não estava em Trabalho de Parto. Pariu rapidamente e teve um parto natural com 39 semanas. Um parto a jato (já que tinha menos 4 cm para caminhar).

Então, o que o exame de toque adiantou? Nada.

Em trabalho de parto a questão do exame de toque é uma faca de dois gumes. Ele é feito para protocolar a mulher que deve dilatar x cm por hora. Quando estaciona em X cms considera-se parada de progressão e aí vem as medidas intervencionistas. Uma analgesia para ver se a mulher ( e o útero) relaxam e a progressão progride ou ocitocina para ajudar nas contrações. A medicina tradicional desconsidera os fatores emocionais.
Imagine que você está com uma sensação de grande dor e passou 5 horas com determinada dilatação. Medem novamente e você não saiu do lugar. Essa informação vai fazer com que a mulher desista pensando que, se em X horas ela não dilatou, precisará de mais X para parir. E na mente dela ela decreta: não vou agüentar.

Mas o que acontece é que a dilatação não é tão precisa. Existe a relação ocitocina X adrenalina. Se quiser aumentar a dilatação é preciso aumentar a ocitocina natural. E para aumentar a ocitocina é preciso de:
- Pouca Luz
- Silêncio
- Privacidade
- Não observação
- Ambiente quente e confortável
- Beijo na boca do marido
- Massagem
- Paz

Quando a mulher para de dilatar é aí que aumentam o monitoramento, a observação e a adrenalina da mulher (e da equipe) vai nas alturas inibindo a ocitocina.

Lá vem a ciência solucionar problemas para os quais ela mesma causou. Ocitocina sintética, dor, adrenalina, anestesia, mais ocitocina. Uma vez que a ocitocina sinstética entra na corrente sanguínea da mulher, toda a ocitocina que ela liberaria naturalmente, antes, durante e depois do parto é bloqueada.

E isso significa o que?

Que depois do parto, momento em que é necessária a liberação do hormônio para criar vínculo com o bebê, segundo o obstetra Michel Odent é o êxtase – coquetel de hormônios- que sentimos no pós parto que faz com que criemos vinculo de amor com a cria) ele não se faz presente.

A ocitocina é um hormônio natural presente e fundamental para a hora do parto. Em grande parte dos partos normais em todo o planeta, para acelerar a contração do útero e tornar o parto mais rápido, a ocitocina é usada de forma padronizada, é o caso do Brasil. O famoso “sorinho” torna as contrações extremamente fortes e doloridas, levando muitas vezes a alteração do batimento cardíaco do bebê, fazendo-se necessário o uso de anestesia e as cascatas de intervenções físicas e medicamentosas.

Segundo Odent, por ser um hormônio, a ocitocina passa pela barreira placentária e chega à corrente sanguínea do bebê, atingindo o cérebro da criança. Segundo o obstetra, o uso da ocitocina sintética pode gerar seres humanos mais agressivos por ser um hormônio diretamente ligado a socialização. Ele o chama de “hormônio do amor”, porque está presente na relação sexual, na amamentação e no parto e pós parto, facilitando a relação instintiva entre mãe e filho.

Outra conseqüência é a incapacidade ou dificuldade de produzir ocitocina em outros momentos da vida, uma vez que sua versão sintética bloqueia a produção de ocitocina natural. Atingindo o cérebro da criança, este ser humano pode ser incapaz de produzir este hormônio, tanto na hora do parto, como em outras situações de suas vidas. Sem a produção de ocitocina ficamos incapacitados de sentir prazer.

Voltando para a questão do toque, já vi o procedimento ser bem usado em algumas ocasiões. Em um Parto Domiciliar bastante demorado (mais de 30 horas) avaliou-se a possibilidade de romper a bolsa uma vez que a mulher estava com dilatação completa e o bebê não descia. Para saber se o bebe estava alto e a evolução do parto depois de tanto tempo, para que a família e parteiras avaliassem uma possível transferência, optou-se pelo rompimento artificial da bolsa e o bebe nasceu.

Outro caso, a mulher estava bem cansada e quis saber a quantas andava a evolução do parto. A enfermeira avaliou 8 cm e um rebordo de colo. Segurou o rebordo e o bebê nasceu uma hora depois.

Então, como tudo na vida, bem usada a intervenção pode apresentar benefício. A banalização é que causa problemas.

Vale o alerta de que muitos obstetras não humanizados costumam descolar as membranas para acelerar o início do trabalho de Parto por volta das 39 semanas. Algumas vezes não avisam que vão fazer e nem a finalidade. E só é possível fazer isso quando se faz toque (geralmente um toque dolorido).

No Trabalho de Parto, com médicos não humanizados, exame de toque pode levar o médico romper a bolsa sem a mulher querer. Não aceitar o exame de toque é se poupar disso também.

Perto do parto saber que o colo está amolecido e com x cm pode causar ansiedade.

Sem contar que, mesmo com luva, fazer toque aumenta o risco de infecção, principalmente se a mulher estiver com bolsa rota. Mas experimente estar com bolsa rota  para saber quantos exames de toque vai receber. Parece que muitos médicos só aprendem a fazer cesárea, toque e ultrasson para serem obstetras.
Vou deixar bem claro que não sou “contra” os procedimentos. Nem uso de ocitocina, nem anestesia. Já escrevi um texto sobre quando a anestesia ajuda no Trabalho de Parto.  Há pouco tempo acompanhei um parto em que o obstetra optou pela analgesia e forceps de alivio. Acredito que uma analgesia leve ou uma ocitocina leve poderiam ter ajudado essa mulher parir. 

Todo e qualquer procedimento quando banalizado representa risco. Por exemplo, locais em que não há assistência obstétrica ou aqueles com índices altos de cesáreas possuem índices de morte neonatal e infantil semelhantes. Ou seja, a falta de recursos ou excesso (mal utilizados), são prejudiciais.

 A princípio devemos acreditar que nosso corpo tem plena capacidade de parir, sem drogas e intervenções, mas se abrir para a possibilidade de valer-se de recursos quando acabarem as forças físicas e emocionais para prosseguir.

 Na minha opinião um parto com analgesia (pouca) e ocitocina (pouca) é melhor que uma cesárea. Uma cesárea melhor que um óbito.  O risco, em tudo, é a banalização.
 E você, o que pensa do exame de toque?

Fonte: Blog Mamíferas

9 comentários:

  1. eu queria sabe se tenhi que fazer exame de toque quando faz 39 semana pq a minha medica nusca fez em mim e estou fazendo 40 semanas

    ResponderExcluir
  2. Fiz um exame de toque ontem, a média disse que estou com dois dedos de dilatação. Estou com 39 smns de gestação.Hoje minha barriga está dura e as vezes tenho algumas cólicas, oque pode ser?

    ResponderExcluir
  3. olá vc pode estar em trabalho de parto, conte as contrações quanto tempo dura a barriga dura e quanto tempo dura o intervalo entre elas... se estiver 3 contrações em 10 min.. ligue para seu medico...bom parto...

    ResponderExcluir
  4. Também não concordo com a banalização do exame de toque principalmente pelos hospitais do sus, onde quem os realizam são médicos residentes, inexperientes,sei disto pois pari no Imip de Pernambuco. Estou na seg gestação com 31 semanas uma gestaçao saudavel e me recusarei se o médico quiser realizar o toque antes das 39 semanas. O corpo é meu tenho este direito.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não entendo o tamanho da agressividade em um exame de toque, fizeram em mim e eu me senti estuprada, todas que sofreram esse abuso, dizem a mesma coisa. Toda essa violencia é necessaria? Outro problema é a maneira como a mulher é tratada na rede publica, parece que os servidores que são pagos com nosso dinheiro sentem raiva de nós e nos deixam inseguras com relação a hora do parto, em que podemos ter nosso bebe prejudicado pro resto de sua vida se passar da hora de nascer. Não somos bem cuidadas, sabemos que corremos riscos, somos humilhadas e maltratadas com esse exame de toque abusivo. Não compreendo o por que de tanto sofrimento e humilhação numa hora que deveria ser sublime!

      Excluir
  5. Eu estou com 40 semanas e não sinto nada,tenho historico de cesariana por não ter dilatação nem contrações.Ja estive na materninada e eles disseram para esperar porque eu ainda tenho chances de ter parto normal oque eu faço?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, fique tranquila se seu bebê está mexendo não há o que se preocupar...O trabalho de parto pode começar com algumas contrações indolores porem ritmadas ou já começam doloridas, ficar em casa até o momento certo é melhor para você e seu bebê, você pode esperar até 42 semanas para entrar em trabalho de parto... Espero que consiga ter o parto normal..

      Boa sorte..

      Excluir
    2. Oii,alguem por aqui ja depois de ter um historico de cesarias,ja esperou pelo parto normal que aconteceu??? E quantas semanas vcs estavao???

      Excluir
  6. Olá Thais, Minha Namorada está grávida de 6 meses e 3 semanas, ela de vez em quando sente que a barriga fica Dura, mais o nenêm já mexe bem pouco, será que está normal? ela prescisa fazer o exame de toque ? pois ela nunca fez? o que fazer?

    ResponderExcluir