quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Dor do parto: como aliviar?

Matéria da Revista Crescer.
Com o corpo e as emoções em sintonia, você pode tornar a experiência do nascimento positiva e inesquecível!

Lélia Chacon 

A vida ensina que as dores são passageiras. As mais corriqueiras, como garantem há anos mães, avós e bisavós, “passam antes de a gente casar”. É esse simples relato de dor que a maioria das gestantes leva para o parto, sem saber por que e quanto poderá suportar. Da ignorância vem o medo, e do medo, muito mais dor. Não é um jogo de palavras. A ciência já comprovou que a dor não é um processo puramente físico. Ela também está sob influência de nossas crenças e emoções. Por isso, em vez de alimentar ansiedades enquanto espera seu bebê nascer, prepare-se para esse momento. Além de suas experiências pessoais, muitas informações, dicas e técnicas podem ajudá-la a aliviar a dor na hora do parto, eliminando ou diminuindo a necessidade da anestesia e, principalmente, evitando a opção prematura por uma cesárea.




Como é a dor do parto? 
Ela pode ser comparada a uma cólica menstrual intensa, mas não é constante. Como uma onda, tem começo, meio e fim e você pode relaxar nos intervalos. A intensidade varia conforme a sensibilidade do seu organismo.

Onde dói?
Como o útero se fixa na região lombar, em geral, a dor começa nas costas e se irradia pelos quadris e pelo abdômen. Ela costuma ser mais intensa quando faltam três centímetros para completar os dez centímetros de dilatação uterina. As fases seguintes são de expulsão, do bebê e da placenta. Durante esses períodos, é comum a parturiente dizer que “não suporta mais”, para em seguida perceber que pode ultrapassar o limiar da dor, porque ela não aumenta. Isso quer dizer que você não sente num período mais dor do que já estava sentindo no anterior.

A emoção interfere?
Sentimentos e atitudes positivos em relação à gravidez e ao parto ajudam a aliviar a dor por diminuir o estado de tensão. Isso porque, quando você está tensa, o organismo produz drenalina. Um estado crônico ou muito prolongado de tensão produz a substância em excesso, o que pode inibir a ação da musculatura uterina, reduzindo a capacidade do organismo de reagir ao estímulo que provoca a dor. Cientistas chegaram a essa conclusão ao medir o nível de adrenalina no sangue de parturientes que demonstravam tranqüilidade, medo e ausência de reação uterina durante o trabalho de parto. O resultado foi um nível baixo nas pacientes não-temerosas, alto no segundo grupo e mais alto ainda no grupo com inércia uterina.

O que significa estar preparada?
É estar apta a participar com lucidez e cooperação da experiência do nascimento de seu filho. Do ponto de vista obstétrico, esse estado positivo de alerta pode reduzir a duração do trabalho de parto e a incidência de complicações que levem a intervenções cirúrgicas. A depressão pós-parto, que se atribui a uma angústia de separação, costuma também ser mais leve e rápida nas mulheres que se preparam para o parto. Uma atitude positiva em relação ao parto, dizem os especialistas, favorece a ligação imediata entre mãe e bebê.

Como se aprontar?
O primeiro passo é a escolha do obstetra, o profissional que vai orquestrar o nascimento do seu filho e precisa estar bem afinado com você, pois é uma de suas fontes de segurança. Além disso, existem cursos e técnicas específicos para gestantes, ministrados por instituições e profissionais especializados. Uns são mais voltados para os aspectos emocionais do parto, como o medo da dor; outros para o trabalho corporal. As técnicas mais conhecidas são a ginástica holística, a hidroginástica, a ioga, as técnicas de reeducação postural global (RPG) e as do shiatsu em piscina aquecida. A vantagem adicional de algumas delas é que os exercícios
são praticados com outras grávidas, o que leva à troca de experiências, outra fonte de segurança emocional. Por conta própria, faça caminhadas. Elas melhoram a capacidade cardiorrespiratória, ativando e oxigenando a circulação sanguínea e, como todas as práticas aeróbicas, liberam a endorfina, hormônio que neutraliza dores e gera uma euforia estável.

O que alivia a dor? 

Seja otimista. Quando vier a contração, em vez de “mais uma”, que tal considerar “menos uma”? Massagens com movimentos circulares nas costas, perto do sacro, logo acima do bumbum, aliviam a dor ao produzir calor na região. Duchas e banhos de água morna também ajudam a relaxar. Mantenha ombros e pescoço relaxados, para diminuir a tensão no maxilar, cujas articulações têm reflexo direto na região do períneo. Essa simples medida pode facilitar o processo de dilatação. Outra dica é desviar a atenção da dor. Imagine, por exemplo, os movimentos que uma gota provoca ao pingar no centro de um lago tranquilo. Ela se irradia, como a dor, para depois sumir. Ao visualizar isso, você deixa a dor em segundo plano.

 

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